"SER" dilema

Posted: sexta-feira, 14 de agosto de 2009 by Hugo Oliveira in
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O que venho a abordar nesse texto é a conduta de treino que nós Praticantes adotamos muitas vezes involuntariamente ao longo da nossa formação.

Primeiramente gostaria de dizer que estou treinando “controlado” devido a um problema que tive no tornozelo, só fui ao medico hoje, dia 12/08/09 oito meses após ter sofrido a lesão, eu poderia passar horas falando sobre o fato de eu ser despreocupado, preguiçoso, inconseqüente, burro, imprudente, dentre muitas outras coisas, mas esse não é o foco da minha dissertação.

Sempre me dediquei a evoluir no parkour da forma mais intensa possível e a movimentação livre sempre foi algo mágico pra mim, acho que quase nunca iniciei um treino que eu não saísse escalando, rolando, saltando, explorando de imediato, sem dar a menor atenção ao preparo, à análise, etc. De certa forma até deixando um pouco de lado meus próprios objetivos. As poucas vezes que já me alonguei, por exemplo, foi pra tirar um certo peso da consciência ou pra mostrar às pessoas que me tem como exemplo que eu sou um menino “certinho”, eu dou uma esticada rápida nas pernas e corro desesperado pros meus muros, barras, árvores e tudo mais! minha ansiedade e falta de foco é tamanha que as vezes eu mal me recordo de belas palavras fundamentais como “repetição”. Eu sempre saí dos meus treinos feliz da vida por mal conseguir andar de tanto esforço que fiz. Sim, eu sempre soube que há algo errado, é questão de ter consciência, prudência e bla bla bla, eu mesmo já alertei e conscientizei inúmeros iniciantes que aparecem em Santa Cruz dizendo a eles que um dos nossos mais considerados princípios é o de zelar pela sua integridade física, “Prepare-se!”, “analise!”, “vá se alongar!”, “devagar com isso!” são exemplos de frases que eu costumo dizer numa freqüência absurda, mas agora eu entendo bem que a grande arte humana é realmente a de saber dirigir-se a si mesmo.

Ultimamente tive contato (pessoalmente e pela internet) com algumas pessoas que estão começando, vi que essas tinham uma “base” boa, que receberam logo de começo o belo presente de saber como se comportar num treino, são pessoas que evoluem em um ritmo aceleradíssimo, que raramente sofrem lesões e que tem o privilégio de poder treinar todos os dias tranquilamente, eu pude entender o quão interessantes são os frutos de ter um HÁBITO inteligente de lidar com o parkour, e pela primeira vez desde que eu comecei a treinar, senti na pele o resultado lindo que posso obter quando ao invés de jogar com força minhas pernas, mãos e costas contra cada pedacinho de chão da praça eu repito 15 ou 20 vezes uma precisão simples.

Se um belo dia eu chegar em Campo Grande após ter feito um dos meus treinos em Santa Cruz e por exemplo um cão vier para me atacar, acho que a atitude mais inteligente que eu poderia tomar no momento seria a de perguntar: “Totó, você prefere Fêmur ou Úmero pra começar?”. Há um dilema que complementa esse meu embate de metodologias, quando estou treinando normalmente eu penso tanto em um momento de “necessidade real” que se houver uma dessas um dia após o treino... bom, acho melhor nem pensar!

Domingo, dia 23 de agosto voltarei aos picos! Gosto de usar essa expressão! mas infelizmente mas não é muito certa, domingo vou descobrir se a prescrição do médico realmente foi eficaz e a partir disso saberei se posso ou não voltar a treinar, bom! Nem preciso dizer o quão desesperado eu estou pra voltar logo aos muros barras e árvores, mas independente de quando seja isso, vou trabalhar neles com o máximo de consciência possível, vou continuar meu desenvolvimento, mas agora trocando a palavra intensidade por eficácia, agora vai ser com a mesma paciência, atenção, zelo, carinho e dedicação de um pai que ajuda o filho a dar seus primeiros passos.